O QUE É CONTRAINTE?

Do francês, do verbo contraindre: que exerce uma ação contrária a; forçar alguém a agir contra a vontade; obrigar, empurrar, controlar, condenar, reduzir.

Coerção, força, violência, intimidação, ameaça, pressão. Coisa que impede, que coloca obstáculo. Regra, disciplina, lei. Opressão.

[adaptado do dicionário le Petit Robert]

O dicionário le Petit Robert elenca ainda duas outras acepções para contrainte, uma para o mundo jurídico, outra para a física e geofísica. Mas não diz nada do emprego da contrainte na literatura (francesa principalmente) e nas artes.

Usar contrainte na criação artísitica é trabalhar sob regras e limitações, impostas arbitrariamente. Essas limitações podem ser dos mais variados tipos: na redação de um texto, pode-se limitar o número de palavras, pode-se proibir o uso de um dado tempo verbal ou mesmo de uma letra do alfabeto. Um exemplo: o escritor Georges Perec escreveu um romance sem usar uma única vez a letra “E”, a mais frequente no francês: La disparition.

Enquanto escrevia o texto abaixo me perguntava se eu estava fazendo sob uma limitação. E acho que sim, talvez mais de uma. Escrevendo sobre limitação sob limitações.

UM EXERCÍCIO

(de estilo? sob contrainte?) em torno de um tema que me obseda e que tem tomado conta de conversas:

DAS LIMITAÇÕES

Somos seres limitados que têm consciência disso – e talvez os únicos que tentam lutar contra algumas limitações ao mesmo tempo em que criam outras. Tendem a aceitar muito bem as próprias limitações (prova de bom-senso e respeito ao próximo), mas pouco provavelmente aceitam tão bem as limitações (escolhas) dos outros. Com isso, podem pregar uma liberdade que tiraniza: – exercício de dar nomes às coisas?